Comentários e Notas: AEW Full Gear 2022

No último dia 19 de novembro, a AEW realizou mais um de seus grandes eventos, o Full Gear. Em uma tarde cheia de ação, a marca apresentou 13 combates de qualidade… mas será que foram mesmo ? Bem-vindos ao retorno do Comentários e Notas, o quadro onde avaliamos as lutas dos principais eventos das principais empresas atualmente no pro-wrestling.

Antes de começarmos, deixa eu dar um recado importante: O sistema de notas NÃO reflete sobre o que essas lutas aqui foram se comparadas com outras. Explicando melhor, não é porque uma luta aqui é nota 10 que ela se compara com lutas que foram 5 estrelas, nada disso, porém, pro padrão que o evento se propôs a apresentar, ela foi nota 10, deu pra entender direitinho ? Sem mais delongas, bora lá:

Best Friends, Danhausen, Orange Cassidy e Rocky Romero vs. The Factory

Toda luta inicial de um pre-show tem a ingrata missão de animar a crowd que ainda não está completa, e eles conseguiram fazer isso. O ponto alto do combate foi a chegada do “novo” Danhausen, agora realmente sendo mais Very Evil do que Very Nice. Do outro lado, estava a The Factory que, infelizmente, me deixa entediado porque ele não vão passar de jobbers. Mesmo com essa função bem paia dentro do roster, é válido citar as adições do Cole Karter e do Lee Johnson no grupo, que vai acabar dando um pouco mais de destaque pra eles, mesmo que sejam para serem derrotados. Vitória mais do que esperada, luta bem comum.

Vencedores: Best Friends, Danhausen, Orange Cassidy e Rocky Romero – Nota: 5,5/10

Brian Cage vs. Ricky Starks

É muito comum que a final do World Championship Eliminator Tournament ocorra sempre no Full Gear, mas uma lesão do Starks atrasou um pouco as coisas e tivemos essa semifinal aqui. Os dois lutadores têm história, tendo em vista que já fizeram parte do extinto Team Taz e entraram em rivalidade posteriormente, com Starks chegando a conquistar o FTW Championship de Cage. Foi uma luta bem básica e com foco sendo quase que total na ascensão do Starks ao topo, então o próprio Cage, que não tem feito muita coisa na AEW desde que chegou, ficou de lado. Vitória também esperada com o destaque pro Starks e adicionando mais camadas ao promissor lutador.

Vencedor: Ricky Starks – Nota: 6/10

Eddie Kingston vs. Jun Akiyama

Eu já devo ter falado alguma vez que eu não sou fã do Kingston e acho ele extremamente mediano no ringue, mas ver Jun Akiyama dando show aos 53 anos é algo a ser muito valorizado, até porque ele deixou essa luta muito melhor do que deveria ser. Tinha toda aquele contexto de ser uma luta dos sonhos pro Kingston, mas coube melhor no pre-show do que no card principal do evento. A luta em si foi bem legal de se assistir, com todo aquele estilo do puroresu de ser bruto e eu até gostaria de ver algo mais longo, mas com mais gente envolvida porque tenho certeza de que eles dois não conseguiriam aguentar muito mais do que isso aqui.

Vencedor: Eddie Kingston – Nota: 7/10

“Jungle Boy” Jack Perry vs. Luchasaurus

Talvez uma das decisões mais acertadas da AEW no ano foi colocar isso aqui pra abrir o show oficialmente, porque foi muito bom. Tudo que ocorreu dentro da jaula foi muito bom, ofuscando até o que aconteceu fora dela que, sejamos francos, não foi tão legal assim. O envolvimento de Christian Cage na rivalidade e no combate em si tem que ser valorizado, o cara está simplesmente em uma das melhores fases da carreira, e nem preciso citar o quão boa é toda essa rivalidade entre JB e Luchasaurus/Cage. Sou fã também da jaula da AEW, porque a estrutura dela é sem saída e obriga os lutadores a resolverem tudo dentro. Final incrível, vitória merecida para JB que deve ir atrás de coisas maiores agora.

Vencedor: “Jungle Boy” Jack Perry – Nota: 8,5/10

Death Triangle vs. The Elite

Eu amo MUITO o Death Triangle e eu não poderia ter ficado mais feliz com essa luta e o resultado dela. O retorno da Elite poderia ter sido mantido como um segredo até o final do momento pra gerar aquele grande pop da galera, mas ainda assim foi legal vê-los voltando e dando show como sempre. Todos esperamos muito dos dois trios, especialmente quando eles lutam um contra o outro, e eu preciso citar aqui que essa luta foi uma das melhores da AEW esse ano. A vitória do DT então, meu amigo, que sabor incrível. Mesmo que eu tenha quase certeza que eles vão acabar perdendo os cinturões nessa melhor de 7, eu gostei muito de vê-los saindo por cima em 3 combates seguidos.

Vencedores: Death Triangle – Nota: 9/10

Jade Cargill vs. Nyla Rose

Essa luta aqui já foi ruim por si só, mas quem inventou de colocar ela logo depois de DT vs. Elite merece ir para a cadeia. Facilmente a pior luta da noite e olha que eu já nem esperava tanto assim, mas foi pior do que eu imaginava. A construção do combate foi muito desinteressante e essa luta definitivamente não precisava estar em um evento desses. Derrotar uma ex-Women’s World Champion deveria dar uma grande moral para a Jade, mas a luta em si foi tão esquecível que nada disso funciona. O público também não ajudou muito a luta e, quando comparada com a terceira luta feminina da noite, fica numa situação ainda mais complicada.

Vencedora: Jade Cargill – Nota: 4/10

Bryan Danielson vs. Chris Jericho vs. Claudio Castagnoli vs. Sammy Guevara

Agora, isso aqui foi bom, isso aqui foi muito bom. A luta começou basicamente sendo de 2 contra 2 entre Blackpool Combat Club e Jericho Appreciation Society, mas todos os lutadores tiveram uma boa atuação. Tivemos um baita momento que pra mim foi o Sammy levando o Lionsault, enlouquecendo e quase derrotando o Jericho. É incrível a rapidez com que Sam pode fazer você odiá-lo e sentir pena dele em apenas alguns minutos. Danielson e Claudio lutaram bem também, mas foi mais uma luta competitiva do que uma briga pessoal. Jericho venceu, como esperado e deve destruir mais alguns campeões até a ROH ter seu show oficial.

Vencedor: Chris Jericho – Nota: 8,5/10

Britt Baker vs. Saraya

Essa luta aqui não foi nada brilhante, definitivamente longe disso, mas foi necessária e cumpriu seu papel. Todo o contexto de Saraya ainda não preparada para lutar e recuperando sua confiança aos poucos foi bem legal de assistir, sem contar que os golpes ao redor dessa área da lutadora foram bem conectados. É lógico que a Saraya está enferrujada e vai levar um tempo até lembrar um pouco aquela antiga Paige, mas eu já vi performances de retorno bem piores. Baker também não é a melhor escolha pra carregar alguém em uma luta, mas ela também teve uma boa performance. Qualidade ? Nem tanto, storytelling ? Bem bom.

Vencedora: Saraya – Nota: 6/10

Powerhouse Hobbs vs. Samoa Joe vs. Wardlow

Com 3 homens grandes no ringue, eu esperava que essa luta aqui fosse muito mais lenta e cadenciada do que o normal, mas foi completamente o oposto porque, assim que o sino tocou, os caras entraram ligados no 220. E mesmo que Joe fosse o veterano nessa luta, ele surpreendentemente não carregou os caras completamente, afinal, os outros dois lutadores também são bem bons. Minha única crítica é ao final, eu achei bem anti climático e acho que dava pra fazer algo diferente. Também me surpreendi com a vitória do Joe, já que eu estava torcendo bastante pro Hobbs começar a ter um destaque maior, mas acredito que vá acabar fazendo sentido no futuro.

Vencedor: Samoa Joe – Nota: 7/10

Darby Allin e Sting vs. Jay Lethal e Jeff Jarrett

Darby e Sting sempre fazem lutas divertidas, é impressionante como nada com esses dois juntos fica ruim de ver. Assistir Sting se jogar nos outros nessa idade é sempre assustador porque ele se joga de cabeça como um maluco, mas convenhamos que o cara sabe o que está fazendo. Lethal e Jarett também se saíram bem, mesmo que essa luta tenha sido a mais desnecessária dos últimos tempos. Os chants de TNA são algo a se evitar, devem ser algo que nenhum dono de empresa gostaria de ouvir durante um show. Pontos também para Satnam Singh que cumpre seu papel de “ajudante” muito bem, sendo bem utilizado em momentos assim.

Vencedores: Darby Allin e Sting – Nota: 6,5/10

Jamie Hayter vs. Toni Storm

Acreditem, FINALMENTE tivemos uma boa luta na divisão feminina da AEW e isso não é um teste. Embora não tenha sido uma obra-prima, essa luta teve todos os fatores necessários para fazer de Hayter uma estrela, que era de longe a grande favorita. A ação foi boa na maior parte, mas houve momentos que meio que se arrastaram um pouco. A interferência era esperada e, embora tenha sido um pouco demais, no final, Hayter era tudo o que importava. Storm foi bem, teve um bom desempenho, sofreu golpes duros e até continuou a luta apesar de um nariz quebrado, mas era a noite de Hayter e ela finalmente é a campeã máxima da empresa.

Vencedora: Jamie Hayter – Nota: 8/10

Swerve In Our Glory vs. The Acclaimed

Infelizmente para a rivalidade entre Swerve In Our Glory e The Acclaimed, é impossível que eles consigam reproduzir o nível da primeira luta deles lá no All Out. Por outro lado, assim como a luta no Grand Slam, o combate aqui também foi bom. Até foi uma luta um pouco confusa em alguns momentos, mas ainda teve bons spots e isso é o que eu gosto de ver. Esses quatro têm uma ótima química, e o foco do combate era em se aproveitar do ombro machucado de Bowens. A clássica história onde o babyface supera as adversidades dos vilões, e ver Lee se recusando a trapacear foi incrível. Resta saber se teremos um Lee heel ao lado de Swerve e se os campeões vão perder para a FTR hoje.

Vencedores: The Acclaimed – Nota: 7/10

Jon Moxley vs. MJF

Embora sejam dois grandes lutadores e de longe dois dos melhores que a empresa tem no momento, essa luta não foi tão incrível assim e eu realmente não acho que Moxley e MJF são feitos para trabalhar juntos. Eles nunca conseguirão fazer grandes coisas no ringue simplesmente porque seus estilos não permitem. O que não é realmente uma crítica porque pode acontecer mesmo com grandes lutadores, eles não são os primeiros nem os últimos a passar por isso, mas como comparação, a luta deles no All Out dois anos atrás foi muito melhor do que essa aqui. Um evento principal decente com um enredo muito legal, mas realmente nada que me empolgasse, ao contrário de outras lutas no início da noite. Ação esquecível, final controverso e MJF com o cinturão.

Vencedor: MJF – Nota: 7,5/10

Na minha visão, a nota geral do evento foi 8. O evento em si foi muito bom, bem sólido e com 3 lutas facilmente em destaque, mas ainda assim não foi o evento perfeito. Um grande ponto positivo foi como muitas decisões injetaram vida dentro das divisões da empresa, como as vitórias de MJF, Jamie Hayter e The Acclaimed. Resta saber o que o Winter Is Coming nos reserva.

Concorda ou não ? Coloca sua opinião aí nos comentários e bora discutir saudavelmente, belezinha ? Até mais!